Capacitação de produtores fortalece apicultura em Buritirama, na Bahia
Produtores rurais já haviam desistido da atividade, quando o Sebrae renovou as esperanças com cursos e orientação técnica
Bernardo Almeida
Arquivo Sebrae
Para a safra deste ano, que teve início em dezembro e
vai até março de 2005, a expectativa é que o número de colméias
habitadas aumente de 420 para 1560
Salvador - Há pouco mais de um ano pequenos
produtores de Buritirama, município localizado no oeste da Bahia,
descobriram que a apicultura poderia ser uma fonte de renda viável. A
atividade era vista até então com descrédito por muitos, mas esse quadro
começou a mudar em 2003, quando o Sebrae iniciou um trabalho voltado
para a capacitação dos produtores.
Considerando as potencialidades e vocações econômicas de cada município e dentro da proposta do Faz Cidadão – programa do Governo do Estado que busca diminuir as desigualdades nos 105 municípios mais pobres do interior da Bahia, sob a coordenação da Secomp (Secretaria de Combate à Pobreza e Desigualdades Sociais), o Sebrae traçou um diagnóstico da situação dos apicultores, identificando as carências e concluiu que a atividade apícola poderia ser uma excelente alternativa para o município.
“Nós identificamos que faltava organização e principalmente capacitação. Eles não tinham conhecimento suficiente para desenvolverem a apicultura. Não existia acompanhamento da produção e comercialização, mas a região apresentava um grande potencial, devido à abundância de recursos naturais, especialmente no que diz respeito à quantidade e a variedade de plantas produtoras de néctar”, diz o consultor em apicultura do Sebrae, Tadeu Cavalcante.
Em Buritirama, as primeiras tentativas de introduzir a apicultura no município aconteceram na década de 1980, quando algumas associações comunitárias de agricultores receberam recursos para aquisição de colméias e equipamentos apícolas, porém tais iniciativas surtiram pouco efeito. A falta de envolvimento dos grupos, aliada à falta de capacitação foram fatores decisivos para o insucesso da atividade.
“Os produtores não acreditavam porque não tinham conhecimento, então resolvi fazer um teste. Comecei com 15 colméias. Em setembro de 2001 habitei nove colméias e obtive uma produção de 250 litros de mel. Com isso todo mundo voltou a acreditar. Hoje, estou com 60 colméias e espero bons resultados para esta safra”, assinala o presidente da Associação de Apicultores de Buritirama (Buriapis) e apicultor há três anos, Iremá Marques.
Diante do interesse e desempenho dos apicultores, o Sebrae realizou, em agosto de 2003, a primeira capacitação direcionada aos produtores. “A partir do momento que o Sebrae começou a ministrar cursos tudo mudou e para melhor. Agora, tanto eu crio abelhas quanto posso passar o que aprendi para outras pessoas. Criamos, inclusive, uma associação que reúne cerca de 30 apicultores e temos tido grandes avanços, mas existem mais apicultores que ainda necessitam se capacitar para que a atividade possa prosperar. Essa é uma das nossas dificuldades”, diz Iremá Marques.
Alternativa viável
De acordo com o gerente da Agência Sebrae de Barreiras, Émerson Cardoso, por meio da capacitação os produtores têm conseguido melhorar a qualidade do mel produzido na região e atraído o interesse de agricultores. “Alguns, inclusive, abandonaram a roça para se dedicarem à apicultura”, garante.
Um exemplo é Midas da Silva, 33 anos, que resolveu investir na criação de abelhas há oito meses por acreditar no desenvolvimento da atividade nos próximos anos e por ser uma ótima fonte de geração de emprego e renda pelo baixo custo de investimento e manutenção se comparado a outras atividades.
“Além de ser uma oportunidade de trabalho para muitos de nosso município, que é muito carente, com esses cursos a criação de abelhas só tende a aumentar em Buritirama porque agora já sabemos como pegar as abelhas e cuidar delas”.
De acordo com alguns consultores, para construir um apiário com dez colméias, o produtor tem que desembolsar cerca de R$ 2,5 mil. O retorno deste investimento, no entanto pode ser alcançado em um ano.
Expectativas
Para a safra deste ano, que teve início em dezembro e vai até março de 2005, a expectativa é que o número de colméias habitadas aumente de 420 para 1560; a produtividade das colméias cresça de 20 para 40 kg/colméia/ano; a quantidade de mel produzido aumente de oito toneladas para 17 e o preço pago pelo mel suba de R$ 4,00 para R$ 5,00.
Outras ações para os próximos meses são a exploração de novos produtos, especialmente a cera; construção de uma unidade de processamento de mel; e vinculação do grupo ao sistema organizado de representação política (Federação das Associações de Apicultores do Estado da Bahia – Faaba).
"Por enquanto o nosso mercado é o atravessador. Justamente pela falta de estrutura, por falta de um produto de qualidade e pelo fato de a instituição não estar vinculada á Faaba. A gente está buscando uma forma para viabilizar o escoamento para a nossa produção de forma controlada, que venha trazer mais lucro”, assinala Iremá. Por enquanto, o mel produzido em Buritirama é intermediado por atravessadores que repassam para a Central de Cooperativas de Apicultores da Bahia.
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