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Laboratório de mel atua no interior
do Piauí em apoio aos apicultores familiares
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Em 2001, o sucesso dos agentes comunitários de
saúde no combate à mortalidade infantil inspirou a criação
de experiência semelhante na Paraíba. Jovens da própria
comunidade foram capacitados para melhorar a criação de caprinos
e ovinos com a finalidade de abastecer miniusinas de beneficiamento de leite
de cabra instaladas em cinco municípios da região do Cariri.
A iniciativa foi repetida em outros estados para atender apicultores familiares.
Hoje, o país conta com cerca de 700 Agentes de Desenvolvimento
Rural (ADRs) em apicultura e ovinocaprinocultura, espalhados em 15 estados.
De 26 a 27 de outubro, aconteceu o primeiro Encontro Nacional de Agentes
de Desenvolvimento Rural, na cidade de Campina Grande, na Paraíba,
para reforçar a importância do papel deles em atividades
rurais sustentáveis. A promoção é do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da
Fundação Banco do Brasil.
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Já são 700 Agentes de Desenvolvimento
Rural atuando em apicultura e ovinocaprinocultura
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"Antes das visitas do ADR, eu só tinha 20 cabras e nem dava
valor ao leite, que servia de alimento para os outros animais", conta
Alfredo Queiroz, produtor do município de Monteiro (PB). "Meu
rebanho ganhou qualidade, já tenho cem animais e uma produção
média de 20 litros de leite por dia, que forneço para a
usina. E quero produzir ainda mais!"
Antes disso, cerca de 2.000 criadores de caprinos e ovinos enfrentavam
problemas de produção nos municípios de Monteiro,
Zabelê, Cabaceiras, Prata e São Sebastião do Umbuzeiro.
A produção melhorou bastante com a ajuda dos ADRs, que levam
aos produtores dicas simples de higiene, vacinação, ordenha,
limpeza das instalações, controle zootécnico e armazenamento
adequado do leite. Agora, o leite de cabra é consumido na merenda
escolar pelos estudantes de escolas públicas da região.
Comparativo
de produção |
Comparação da produção média em dez
comunidades do município de São Raimundo Nonato (PI) - cinco sem Agntes
de Desenvolvimento Rural (ADRs) e cinco com ADRs |
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Fonte: Sebrae-PI
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Os ADRs são em geral jovens da
própria comunidade, como ocorre em Rondônia
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Em parceria com a Fundação Banco do Brasil, o Sebrae investe
na formação e aperfeiçoamento dos ADRs, que contam
com nove bodemóveis e um laboratório de mel ambulante para
atender os produtores.
A experiência é um dos projetos incluídos na Rede
de Tecnologia Social (RTS). Trata-se de uma iniciativa do Governo Federal,
lançada em 14 de abril de 2005, em conjunto com instituições
e a comunidade, para a reaplicação de produtos, técnicas
ou metodologias, desenvolvidas em interação com a comunidade
e que representem efetivas soluções de transformação
social.
"É impossível ter um empreendimento sustentável
sem conhecimento", assinala o gerente da Unidade de Agronegócios
do Sebrae, Juarez de Paula. No Encontro, ele falou sobre a importância
do ADR no desenvolvimento local. O evento contará também
com oficinas de apicultura e ovinocaprinocultura e com palestras de vários
especialistas, como o economista Márcio Pochmann, do Instituto
de Economia da Unicamp. "O ADR significa acesso à tecnologia,
é difusão tecnológica", destaca o gerente.
A idéia dos ADRs foi encampada por prefeituras, governos estaduais,
cooperativas e associações de produtores. Em geral, eles
são recrutados nas próprias comunidades, capacitados sobre
questões técnicas e supervisionados por profissionais. Cada
um tem a tarefa de visitar e dar assistência de 20 a 30 produtores
rurais. Sua missão é orientá-los, a fim de que possam
alcançar uma produção de caráter empresarial.
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Elenilda: a primeira ADR de apicultura
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No chamado Corredor do Mel, no nordeste do Pará, apicultores
conseguiram alcançar em dois anos altos índices de produtividade, chegando
a 40 quilos de mel por colméia. Boa parte desse resultado se deve à atuação
dos ADRs. Elenilda Magalhães, de Ourém, tornou-se a primeira mulher a atuar
como apicultora. Agente de Desenvolvimento Rural (ADR) de apicultora. Há
cinco anos, ela enfrentou preconceitos para entrar na atividade, tradicionalmente
masculina. Em outubro do ano passado, ela participou de curso e acabou ficando
com a vaga. "O apicultor que foi treinado precisou sair e, então, eu fiquei
no lugar dele", lembra a ADR. |
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